Sou indefinição primeira
Causa derradeira das loucuras em minha mente
Sou passado para quem queria ser presente
E presente para quem quero ser passado

Por outro lado, nunca julgo
Mas me confundo com os tempos indeterminados
Quisera eu que meu coração tão desmantelado
Pudesse enfim descobrir-se aquariano

Hora é pisciano, hora é dormente!
Mas pela hora em que nasci, o problema é o ascendente.
Alegria constante, sofrimento latente.

Conjugaria o amor, se acaso existisse.
Mas em qual tempo seria?
Passado, Presente... No futuro estaria?
Não sei! Continuo me conjugando para encontrá-lo algum dia.

R. N. S.


Eu respeito teu tempo,
teu sono, teu senso...
Teu choro, teu pranto
já não me causam espanto

Pois de ti conheço
apenas o nome e o endereço
E o doce apreço
que de mim ainda roubas.

Não me causes mais danos
pois já fui muito enganado
não tragas mais enganos
deste inferno já sou danado

Da tentação de teus lábios
à danação de tua ausência
é condenação para solitários
abandonados por tua má essência

R. N. S.

Musa de minha insônia,
me deixas em claro e logo me abandonas.
Rouba-me o sono e os sonhos...

Inquieta minh'alma, assalta-me a paz.
Transborda discreta,
Inquieta se faz.

Em breves versos te quis por um instante
Pois nem a lua de mim se faz tão distante.
Mas insistes de mim afastar-se para longe...
Eu silencio e te contemplo, piedoso como um monge.

Mas se por um instante te descuidas
E de mim deixas de ser ausente
Juro que tudo muda
E mesmo distante, ainda seria presente.

R. N. S.

Prezada senhora, não te esqueças que
mesmo na aurora o sol costuma cegar.
Isso em silêncio, sem esbravejar...
Costuma ser o que é sem se esforçar.

De longe não sessa de aquecer,
não se esquece de esquecer
os erros de quem ama e aproveitar
as treze horas de calor, de quem tanto sua na cama!

Mas é só no escuro e frio da solidão...
Só então que percebes o bem que te faz
Que ele não passa de um rapaz
Que de tanto amar causa um calor fugaz!

Mas, talvez... talvez não te importes.
Afinal, para cada fim de dia ha uma manhã de sortes,
para cada fim de tarde há uma aurora
Mas n'ao te enganes pois o sol nem sempre estara aqui
embora o dia tenha vinte e quatro horas.

R. N. S.


Não é que a vida não me caiba
ela até cabe em mim
de forma rara e calma
faz dos fatos melodia em Sí.

Desarmoniza algumas vezes
e na maioria das vezes desafina
Destina notas bemóis,
mas não dói como coração de menina.

Ouço alguém dizer: acorda!
Prefiro acordes, mas não demores...
Para que não seja a melodia da vida
em acordes menores!


R. N. S.

"Declaro pros devidos fins de direito
que mesmo com seus defeitos,
teus efeitos me fizeram te amar.

E por fim quisera, mesmo sem pressa
em trégua cessar, sorrir, chorar...
Nos devaneios meus de sensações absurdas,
Quasímudas, meu corpo atrofiar.

Contorcendo-me em prazer,
ousando obedecer o instinto natural.
Embora, jamais, tenha algo igual provado
Foi recordado como memória ancestral.

Doravante são teus beijos que quero
Pois persevero em insistência espiritual
Tocar tua alma nua, linda e crua
E saciar o desejo carnal."

R. N. S.


"Das certezas assombrosas
Prefiro minha mansidão.
Tal como outrora
Quando ainda lhe era solidão.

Porém, não mais
Agora tenho os lábios teus
Ainda digo mais
Agora tens os lábios meus

É como cheiro de laranjeiras
Cujo bairro nunca conheci
Memórias críticas de cor inteira
Que se passam e ficam aqui.

É uma canção ou um poema...
É um bolo, um pão...
É a solução do meu dilema...
É a rima da minha canção.

É o sonho que faz suar o corpo
É o corpo que sua ao sonho
É o gosto do corpo louco
É o louco do gosto em sonho

É o cheiro e o barulho
O incenso e a música zen
É o vento que se enrosca ao muro
E o tempo que nos faz reféns

Deixo aqui o meu testamento
Pois de amores morrerei
Pois não tenho muito tempo
A não ser para um beijo... Dois ou três!"



R.N.S.